Com briga pelo IOF, Planalto tenta firmar ‘marca’ para disputa eleitoral

2 de julho de 2025 27

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A votação do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que sustou o decreto do ministro Fernando Haddad (Fazenda) que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) teve um efeito muito maior do que derrotar o governo. Além de mostrar que a base fiel ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva não chega a 100 deputados, a aprovação também antecipou as discussões que vão pautar as eleições do ano que vem, quando entrarão em disputa os cargos de presidente da República, governadores, deputados federais, estaduais e senadores.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu sua pequena base no Congresso ser insuficiente para aprovar qualquer proposta de interesse exclusivo do Planalto. Por outro lado, decidiu apostar no discurso de defesa dos mais pobres em contraste com a posição do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), caracterizados pelos governistas como aliados dos mais ricos, por liderarem a rejeição do imposto no Parlamento.

Desde a entrada do publicitária Sidônio Palmeira na Secom (Secretaria de Comunicação), o governo procurava uma oportunidade para dar uma marca ao terceiro mandato de Lula. Agora, pelo caminho do embate, o governo insistirá na diferença de pensamento observada na votação do IOF.

Vocabulário
No início dessa semana, a expressão “justiça tributária”, ou “justiça social”, fez parte do vocabulário dos governistas, inclusive do ministro Haddad (Fazenda), que ao participar da cerimônia que lançou o Plano Safra para Agricultura Familiar falou em “governo dos pobres”, “grita do andar de cima” e sobre a necessidade da reforma na alíquota do imposto de renda.

Lula endossou o discurso falando em “rebelião dos mais ricos”. “Ninguém está querendo tirar nada de ninguém. Queremos apenas diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direito aos outros. É só isso que queremos”, disse Lula durante o evento.

Nesta terça, o governo decidiu ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) para fazer valer a prerrogativa de mexer nos impostos. A atitude de resolver o impasse na Justiça se deu mesmo após o PSol, partido da base de Lula, entrar com o questionamento junto ao STF. Sinal de que o governo não pretende deixar o assunto esfriar.

Hugo Motta: “Polarização social”
Criticado pelos governistas nas redes sociais por ter encabeçado a derrubada do IOF, Motta postou um vídeo na segunda, 30, para defender a posição do Congresso e reclamar do discurso adotado pelo Planalto. “Primeiro, quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos”, afirmou. “A polarização política no Brasil tem cansado muita gente, e agora querem criar a polarização social”, acrescentou o presidente da Câmara. Assim, como Lula e seus aliados, Motta antecipa movimentos da campanha eleitoral. 

Fonte: Luciana Lima