China usa exército de robôs para driblar tarifas dos EUA

A China intensificou o uso de robôs industriais e inteligência artificial em suas fábricas para enfrentar tarifas impostas pelos Estados Unidos e novas barreiras comerciais de países como Índia, Brasil e membros da União Europeia.
De acordo com a reportagem, a China tem hoje mais robôs industriais por 10 mil trabalhadores do que qualquer país, com exceção de Coreia do Sul e Cingapura.
O avanço é resultado de diretrizes estatais, como o plano “Made in China 2025”, além de investimentos públicos e privados na casa dos trilhões de dólares em equipamentos e crédito.
A montadora Zeekr, por exemplo, aumentou de 500 para 820 o número de robôs em sua linha de produção em apenas quatro anos.
As máquinas realizam tarefas desde o transporte de peças até a soldagem de carrocerias. Em alguns setores, as operações funcionam sem iluminação nem supervisão humana direta, os chamados “dark factories”.
Pequenos empresários também adotaram a automação. Em Guangzhou, um fabricante de churrasqueiras afirmou estar comprando um braço robótico com câmera por US$ 40 mil — menos de um terço do preço praticado por empresas estrangeiras até poucos anos atrás.
O equipamento usa IA para replicar o trabalho humano em processos como soldagem.
Além da produção, a inteligência artificial é empregada em etapas de controle de qualidade e até no design de veículos.
Câmeras de alta resolução analisam cada carro montado e comparam com um banco de dados para identificar falhas.
Designers utilizam IA para prever encaixes e tendências visuais no interior dos veículos.
Apesar do avanço tecnológico, o setor ainda depende de mão de obra humana para tarefas que exigem maior destreza, como instalação de fiações.
A transformação é impulsionada ainda pela demografia. Com uma queda de dois terços na taxa de natalidade desde 1987 e dois terços dos jovens ingressando em universidades, há menos candidatos dispostos a aceitar empregos industriais.
Segundo dados citados pelo jornal, a China forma anualmente 350 mil engenheiros mecânicos — quase oito vezes o total dos Estados Unidos.
A automação industrial se tornou estratégia nacional. Robôs humanoides já são testados em fábricas e promovidos em eventos públicos, como uma maratona realizada com a participação simbólica de 20 máquinas. Apenas seis completaram o percurso.
A ofensiva robótica do governo chinês se apresenta como uma resposta direta à política tarifária norte-americana. Em vez de recuar diante do aumento dos custos de exportação, o regime investe em tecnologia para manter sua competitividade global.