Arqueólogos revelam provas da existência da Papisa Joana

11 de setembro de 2018 818

Para os pesquisadores, a história sobre a existência de uma papisa, alimentada desde a Idade Média, é real. Entre as provas que sustentam os argumentos está a produção de moedas em homenagem à suposta líder católica.

De um lado das moedas analisadas está o nome do imperador Luís II. Do outro, um monograma assinado pelo papa vigente, que representa o nome “IoHANIs”. Segundo os pesquisadores, este nome pode ser lido como “Iohannes”, latim para João.

“Nessa época [850 d.C.], não existiu oficialmente nenhum papa com o nome de Iohannes. Mas há muitos registros de Iohannes Anglicus, a papisa”, afirmou Michael E. Habicht, autor do livro Papisa Joana: O Pontificado Encoberto de uma Mulher ou uma Lenda?, em entrevista à revista Aventuras na História.

De acordo com o escritor, a história oficial apresentada pela igreja levantou sempre suspeitas. O autor destaca ainda que a ligação das moedas ao nome de João VIII, que reinou de 872 até 882, é bastante frágil.

“Esse papa tem um monograma diferente. Uma análise grafológica apoia a conclusão de que são diferentes assinaturas, de duas pessoas diferentes”, conclui.

Apesar de muito comentada durante a Idade Média, a história e as suspeitas acabaram por cair no esquecimento com o passar do tempo. Em 1099, o dominicano Jean de Maillyressuscitou a lenda, falando sobre a vida de Joana.

Pesquisadores dizem que Joana se disfarçou de homem para ascender na hierarquia católica, até conseguir ser eleita papa. A papisa teria reinado entre 856 e 858, sob o nome falso de João (Iohannes, em latim) e o disfarce foi descoberto durante uma procissão, quando o suposto papa João se sentiu mal e deu à luz no meio da rua.

A peripécia, por motivos óbvios, causou grande indignação e levou Joana para a prisão, onde, depois de ver seu nome removido de todos os documentos da Igreja Católica, acabou por falecer, aos 42 anos, pouco tempo após o nascimento da sua criança.

Joana teria nascido na Idade Média, em janeiro de 814. Proveniente de uma família de camponeses, seria filha de um missionário da Igreja Católica. Historiadores dizem ainda que a jovem tinha o hábito de questionar os cânones do seu tempo.

A história da papisa chamou atenção do cinema e, em 1970, a atriz Liv Ullman protagonizou um filme sobre o assunto. Em 2009, a papisa voltou às telonas em uma produção dirigida pelo cineasta alemão Sonke Wortmann. O filme foi baseado no livro “Papisa Joana”, da inglesa Donna Woolfolk Cross.

Até os dias de hoje, a Igreja Católica não permite mulheres em cargos de liderança.