Argentina congela preços da gasolina e diesel em meio a inflação de mais de 100% e alta do câmbio

O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, anunciou na noite de quinta-feira, 17, um acordo com as refinarias e produtores para congelar os preços de combustíveis no país até 31 de outubro, um pouco antes do primeiro turno. "Concordamos, após um trabalho de entendimento entre as refinarias, os produtores e o Estado, que não haverá mais aumento de combustíveis até 31 de outubro", afirmou Massa no X (ex-Twitter). Também houve declarações do ministro à imprensa sobre o assunto.
A alta da taxa de câmbio oficial que o Governo começou a ser transferido para o preço dos combustíveis na segunda-feira, quando os postos Shell, Axion e Puma Energy aplicaram o aumento de 12,5% na gasolina e diesel. A estatal YPF -- líder do mercado argentino -- reajustou os valores no mesmo percentual nesta sexta-feira.
As empresas que não seguirem a decisão do governo terão seus benefícios fiscais retirados, anunciou o ministro. Massa indicou que existirá um sistema de reclamações para a população no Ministério da Energia do país para realizar esse acompanhamento de preços.
Preço da gasolina e diesel na Argentina
No ano, os preços da gasolina e do diesel subiram em média 63%, em linha com a inflação acumulada até julho. No mesmo período, aumentou a diferença de preço entre o valor local do barril de petróleo (US$ 63, aproximadamente) e o preço internacional do Brent, que está em US$ 84.
O país enfrenta inflação superior a 100% ao ano e analistas preveem que ela acelere, com as turbulências nos mercados locais dos últimos dias e o forte aumento na taxa de juros adotado nesta semana pelo Banco Central da República Argentina (BCRA). Em 22 de outubro, haverá o primeiro turno na disputa presidencial, com Massa entre os candidatos. Massa ficou em terceiro lugar nas primárias do último domingo, vencidas por Javier Milei.
Câmbio fixo
Além do congelamento dos combustíveis, a Argentina fixou a taxa de câmbio em 350 pesos por dólar até 30 de outubro, após desvalorização de 22% após as primárias para as eleições presidenciais no país. A medida foi realizada a pedido do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“É uma taxa de câmbio fixa que o governo estabeleceu, aumentando um pouco o preço do dólar”, afirmou a porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, em entrevista coletiva, na qual descartou outro salto cambial.