Aparelhamento: Bolsonaro interfere na nomeação de reitores em três universidades

Da Carta Capital:
Pelo menos três universidades já sofreram intervenção direta do presidente Jair Bolsonaro na nomeação de seus reitores. A primeira delas foi a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Na terça feira 11, o ministro da educação Abraham Weintraub nomeou como reitora temporária a professora Mirlene Damázio.
A decisão pela nomeação ignora a eleição realizada pela universidade no mês de março, que teve como vencedora a chapa “Unidade”, encabeçadas pelos professores Etienne Biasotto e Cláudia Gonçalves. Damázio, que leciona na Faculdade de Educação da UFGD, não fazia da lista tríplice encaminhada ao governo, nem nunca concorreu a processos eletivos na universidade.
A nova reitora temporária nomeou como vice-reitor o professor Luciano Geisenhoff, apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro. A tese que se formula é que o governo pretende fortalecer o grupo da Chapa 2 e instituir na universidade uma direção alinhada à administração federal.
Na segunda-feira 17, o mesmo processo aconteceu na Universidade Federal do Rio (Uniorio).
Bolsonaro também nomeou como reitor da instituição um nome que não constava entre a votação da comunidade acadêmica: o professor Ricardo Silva Cardoso. As eleições junto à comunidade acadêmica da Unirio foram realizadas em abril e deram vitória a Leonardo Villela de Castro, com 72% dos votos válidos.
Após o resultado, no entanto, o Colégio Eleitoral da Unirio encabeçou a lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação e apontou o nome de Cardoso, que não constava entre as indicações.
Na terça-feira 18, na UFTM, o presidente Bolsonaro também preteriu o primeiro nome indicado para a reitoria da universidade. O professor Luiz Resende dos Santos Anjo apareceu em segundo lugar na lista tríplice, mas ganhou o cargo. Fábio César da Fonseca, com maioria de votos no colegiado e também indicado pela comunidade acadêmica foi filiado ao PT, dos anos 1990 até 2005, e ao PSOL de 2007 a julho de 2018, o que deixa uma forte hipótese de sua não eleição estar atrelada a fatores políticos.
Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Federais de Ensino Superior (Andifes), três instituições ainda aguardam a nomeação de seus reitores: a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o Cefet-RJ, e a Universidade Federal do Ceará (UFC).