A moda da diversidade: empresas que usam essa 'trend', mas não vivenciam na prática

26 de março de 2022 639

Quando surge o tema diversidade na governança corporativa, muitas empresas normalmente pensam em diversidade de gênero e racial, esquecendo-se de aspectos fundamentais presentes neste pilar, como é o caso, por exemplo, da comunidade LGBTQIA+.

Sabemos que uma das principais discussões da atualidade referente aos padrões ESG (que englobam meio ambiente, questões sociais e governança), é o quanto as organizações de fato são aquilo que dizem ser.

Com mais de 35 anos no mundo corporativo e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, hoje trago um artigo sobre a diversidade no conselho de administração e por que é tão importante.

Diversidade no conselho de administração é uma necessidade

O conselheiro, Robert Juenemann, cita em artigo situações delicadas já ocorridas em salas de conselho, o que desperta um alerta aos agentes de governança sobre a necessidade de agregar novas competências ao conselho por meio da diversidade, inclusive, diversidade LGBTQIA+.

Juenemann acredita que a diversidade é essencial para o equilíbrio e tomada de decisões, mas que ainda precisa avançar mais no Brasil.

O especialista também retoma o alerta, o qual foi mencionado acima, de que empresas precisam incluir a diversidade em toda a sua amplitude, não apenas como parte do conselho, mas deve fazer parte da cultura do negócio, afinal, a transparência é o principal ativo para avaliar se o que a organização diz é aquilo que vivencia.

A formação do conselho de administração "diverso" está relacionada com o tratamento digno de grupos minoritários e com o respeito às profissões. Há um importante significado ético na implantação de políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) na organização, portanto, o alerta é que organizações não afirmem que contam com a política sem que haja devido planejamento em sua estrutura.

Da mesma maneira como o termo greenwashing foi criado para caracterizar empresas, governos e outras instituições que se utilizavam da temática apenas como estratégia de marketing e comunicação, já se fala no termo diversitywashing, criado por Liliane Rocha (consultora em D&I) para classificar empresas que apenas estão adotando a "moda da diversidade".

Já o tokenismo (termo também mencionado pela consultora), é a prática apenas superficial de inclusão a membros de minorias, recrutando um pequeno número de pessoas de grupos sub-representados para aparentar igualdade racial ou de outros pilares presentes em diversidade e inclusão.

Empresas necessitam de fato de ações concretas para a inclusão da diversidade em toda a sua amplitude e o trabalho precisa partir de sua cultura, de sua estruturação histórica enquanto negócio.

Os negócios precisam estar atentos às questões sociais também relacionadas à análise do próprio público. O conselho é responsável diretamente por tomadas de decisões em uma empresa e na transição para um conselho diverso é necessário que este processo seja realizado aos poucos e não de maneira radical.

Vale lembrar que a diversidade também é resultado de mudanças de comportamento e da abertura às necessidades urgentes nas sociedades. Serão inseridos no conselho novas perspectivas, portanto, trata-se de uma mudança relevante e que precisa ser muito bem planejada.

Como a diversidade sólida impacta os conselhos de administração?

Contar com a diversidade no conselho de administração traz as seguintes vantagens para uma empresa:

Tomada de decisão assertiva

O conselho que reúne diferentes perspectivas (idade, gênero, etnia, formação profissional, orientação sexual, etc.), permite que uma pauta seja analisada por diferentes ângulos, sendo assim, a tomada de decisões é muito mais precisa.

Discussões mais proveitosas

O conselho de administração representa em um negócio o "roadmap" guiando como deve se portar para uma governança corporativa sólida.

A diversidade no conselho de administração permite que as diferentes experiências possam ser compartilhadas por meio da exposição clara de ideias diferentes sobre temáticas urgentes.

Visões singulares juntas

A discordância saudável é fundamental para a resolução de problemas. A diversidade de pensamentos e de conhecimentos ajuda na identificação de ameaças no ambiente corporativo que, em muitos casos, poderiam não ser identificadas caso não houvesse essa pluralidade de ideias.

Reputação da marca em segurança

O sucesso de uma empresa também pode ser medido pela boa reputação de sua marca.

A diversidade no conselho também reflete sobre a imagem do negócio, mas aqui enfatizo mais uma vez a necessidade de que seja algo genuíno por parte da empresa.

Acionistas e demais partes interessadas satisfeitos

O conselho carrega a grande responsabilidade de constantemente avaliar riscos, elaborar estratégias e direcionar ações.

O público externo está com todos os olhos voltados ao mercado e a ele pertencem: investidores, clientes, mídia, reguladores e tantos outros representantes.

A diversidade no conselho leva às partes interessadas os propósitos presentes na organização, assim como demonstra que está aberta a novas ideias.

Governança Corporativa mais fortalecida

A diversidade no conselho de administração torna mais estreita a ligação entre corpo executivo e acionistas, mas também mostra a todos as partes interessadas que existe um aconselhamento pautado em uma sociedade plural, que caminha rumo aos pilares da transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.

Tornando meu Conselho influente

Um dos mais importantes ganhos para a empresa que conta com a diversidade no conselho está o poder de influência no mercado.

Quando uma organização é plural, isso reflete em sua comunicação. Seus propósitos são construídos com base em diferentes visões, o que tende a aproximar muito mais os seus ideais de seu público, além de se tornar uma empresa com muito mais solidez em seu ramo de atuação e mercado geral.

Carlos Moreira - Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing).

Fonte: Daiana Barasa