A força da internet

15 de novembro de 2017 1150

 A revista Veja desta semana ((15/11), pela reportagem "O poder fulminante", relatando a destituição imediata do renomado jornalista da rede Globo William Waack pelo vazamento nas redes virtuais de uma frase infeliz, tachada de racista, mostra a poderosa força da internet no debate público. Não entrando no mérito da culpa ou do castigo, é lícito perguntar por que os usuários das redes sociais não aproveitam esse poderoso meio eletrônico para reivindicar providências contra abusos bem mais graves, que atingem a própria essência da cidadania democrática, prejudicando o povo na sua totalidade. É a roubalheira e a impunidade lá em cima que tornam tolerante toda forma de violência.

            Está chegando a hora de utilizar intensamente as redes sociais para vencermos a luta contra a corrupção sistêmica, o câncer que corrói nosso tecido social. A desonestidade e a incompetência dos que ocupam os cargos públicos da federação, estados e municípios são mais danosos do que qualquer preconceito ético ou religioso. E é uma ilusão esperar que nossos governantes alterem a atual situação que satisfaz seus interesses corporativos. A "reforma" política recentemente aprovada no Congresso Nacional não tocou em problemas cruciais, como parlamentarismo ou voto distrital, mas visou principalmente o aumento do fundo partidário para garantir a reeleição dos chefões que estão no poder.

            A verdade é que, ao longo de nossa história, nunca tivemos um governo verdadeiramente democrático ou republicano, no sentido de que fosse o povo a impor sua vontade, exigindo que o dinheiro de nossos impostos se destinasse exclusivamente para a educação, saúde, transporte coletivo, segurança pública, em lugar de bancar os privilégios dos altos membros do três poderes. Os políticos não nos representam, pois eleitos por currais eleitorais formados por uma maioria carente e desinformada, que vende seu voto em troca de interesses ou favores peculiares. Espero que o avanço tecnológico da internet colabore para esclarecer o povo sobre a importância do voto consciente, promovendo uma ampla campanha para não renovar o mandato de nenhum político que está no poder, pois, como costumo repetir, quem não é pessoalmente corrupto, é conivente ou omisso. Quem sabe assim os novos aspirantes a políticos aprendam a lição! Nosso voto é nossa arma poderosa para a construção de uma sociedade mais justa.

                  

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Salvatore D' Onofrio 
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP 
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
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