A Câmara, a auditoria e o silêncio que fala alto: Matilde observa

28 de abril de 2025 164

Matilde nunca foi de deixar passar um cheiro estranho sem seguir o rastro. E, ultimamente, o que tem pairado sobre a Câmara Municipal de Ariquemes não é apenas o cheiro do café amargo servido nos corredores: é o da desconfiança.

Depois de muita briga — daquelas feias, de puxar o osso com dente e tudo —, Filipe Rosic finalmente assumiu a presidência da Casa, deixando para trás o reinado de Renato Padeiro. Mas, como Matilde bem sabe, em política o que fica pra trás nem sempre é esquecido. Ou perdoado.

Em meio à mudança, pipocou a notícia de uma tal auditoria nas contas da Câmara. Ah, a famosa auditoria! Anunciaram que estavam vasculhando contratos, gastos, despesas… mas, fora essa palavra bonita ecoando nos corredores, ninguém sabe exatamente o que está sendo encontrado. Nenhum relatório divulgado, nenhuma transparência até agora. Só um grande “aguardem cenas dos próximos capítulos”.

E é justamente aí que o faro de Matilde se aguça. Porque, vamos combinar: quando o silêncio é grande, ou tem coisa muito feia, ou tem medo demais de revelar o que realmente aconteceu.

O alvo? Todo mundo já cochicha nos cantos: o ex-presidente Renato Padeiro e o ex-diretor-geral Amalek da Costa. Dois nomes que, segundo dizem, teriam transformado a Câmara quase num feudo particular. E não é exagero: basta lembrar que até vidro separando o público dos vereadores existia, como se o povo fosse ameaça e não razão de estarem ali.

Com Rosic, algumas mudanças já começaram. O tal vidro ridículo foi arrancado, e outras despesas sem pé nem cabeça começaram a ser revistas. Mas isso é só a superfície. Matilde quer saber do fundo:
— E a auditoria?
— Já acharam o que tinha que ser achado?
— Ou estão só passando pano?

Vale lembrar — e Matilde faz questão de lembrar — que já houve operação policial envolvendo contratos da gestão de Padeiro. Não é pouca coisa. E, diante disso, o povo tem o direito de saber: há culpa no cartório ou não há?

O que não pode é fingir que está tudo bem enquanto a poeira vai sendo varrida para debaixo dos tapetes novinhos da Câmara.

Matilde olha para seu gato, que espreguiça na janela, e comenta:

— Se não têm nada a esconder, que abram as cortinas. Se têm, que se preparem. Porque, mais cedo ou mais tarde, a verdade arranha — e às vezes, arranha feio.

Fonte: AOR OLIVEIRA
O QUE DA NOTICIA (AOR OLIVEIRA)